Entrevista: Pitty e Martin abrem a intimidade do Agridoce


No dia 13 de julho, data em que se comemora em todo mundo o Dia Internacional do Rock, Salvador vai receber pela primeira vez o show do Agridoce, dentro da programação do festival Rock Concha, e, no dia 24 de agosto, o grupo se apresenta para o público do Festival de Inverno Bahia, em Vitória da Conquista.

Confira a entrevista:

iBahia - Em entrevista recente, vocês revelaram que no início da 'gestação' do Agridoce não pensavam em lançar um disco e que até tinham um certo 'ciúme' em expor essa parceria musical tão íntima. Diante da boa receptividade do público e depois de embalada a turnê, como vocês avaliam agora essa iniciativa?

Agridoce - Valeu a pena, foi uma decisão acertada porque tem sido uma experiência ótima fazer shows com esse projeto e exercitar um lado artístico diferente.

iBahia - Neste projeto, Pitty explora seu lado pianista e Martin assume o violão elétrico extraindo o lado mais doce da dupla. De que maneira essas canções - tão confessionais e intimistas - mexeram ou mexem com a vida de cada um de vocês?

A. - Acho que mexeram e mexem no sentido de termos despertado de forma prática para este lado de composições desse tipo. É uma coisa que a gente já gostava e sentia, mas só agora se tornou algo palpável.




 iBahia - Ao deixar um pouco "de lado" o som mais pesado da banda Pitty,     vocês se permitiram ousar e experimentar outras searas como sonoridades minimalistas, o que resultou num belo CD/DVD de soft rock/folk... Como tem sido essa experiência?

A. - Hahaha, soft rock é curioso, nunca tínhamos ouvido essa antes. Tem sido um grande aprendizado e descoberta desde o momento de criar as músicas até a gravação, e agora transpondo isso pro palco. É sempre instigante quando se lida com arte poder sair da zona de conforto e arriscar coisas novas.

iBahia - Ícones do rock como os Rolling Stones e Red Hot Chilli Peppers gravaram álbuns clássicos ('Exile on Main Street' e 'Blood Sugar Sex Magik', respectivamente) em mansões isoladas, equipadas com um estúdio. A idéia de gravar o Agridoce em uma casa na Serra da Cantareira, em SP, teve alguma inspiração desse tipo?

A. - Também, além de ser uma experiência que deve estar no imaginário de quase todo artista. Não foi por causa necessariamente desses exemplos que a gente resolveu fazer, mas eles são importantes porque nos mostraram que é possível. Resolvemos fazer dessa forma porque sentíamos que aquelas canções pediam um ambiente isolado e bucólico para existirem de forma plena.

iBahia - (Para Pitty) Os anos 00 e 10 vêm presenciando a chegada de uma nova geração de cantoras-compositoras brasileiras, abrindo seus corações e mentes em canções de sucesso radiofônico. O que de certa maneira não acontecia muito (as letras autorais) com as grandes intérpretes da MPB do século passado... E você é uma das mais representativas nesse cenário. Fale um pouco sobre esse momento...

Pitty - É interessante observar isso, as compositoras têm realmente tido mais presença, o que é muito bacana. Particularmente nunca existiu outra opção para mim que não fosse a de compor, já que eu sentia necessidade de escrever e as músicas serviam para escoar isso. Ser intérprete é uma arte, mas acho ótimo que esse caldo das cantoras com trabalho autoral engrosse, que tenha gente que tem o que dizer.

iBahia - (Para Martin) como tem sido sair do posto de guitarrista da banda para excursionar e assinar como protagonista do Agridoce ao lado de Pitty? É uma oportunidade para poucos instrumentistas...

Martin - Tem sido bacana. É um puta desafio lidar com o público tão diretamente, tocar violão e cantar e eu, particularmente, adoro desafios. Tem sido uma experiência muito enriquecedora musicalmente e vou sair com uma bagagem muito mais extensa e variada.

iBahia - No próximo dia 13 de julho, no Dia Mundial do Rock, o Agridoce - junto com a Cascadura - abrem o projeto Rock Concha em Salvador. O que o público baiano pode esperar desse show? Faz um tempinho que vocês não sobem nesse palco...

A. - Pois é, e estamos ansiosos! Vai ser incrível poder apresentar esse novo projeto aí em Salvador, é um show bastante visual e lúdico.

iBahia - Em diversas entrevistas foi dito sobre uma possível férias da banda principal Pitty, o que, além do Agridoce, também gerou outro projeto paralelo, dessa vez com o baixista do grupo atacando de cantor (Joe e a Gerência). Porém, há rumores de que a banda poderia estar chegando ao fim por uma suposta 'rusga' com alguns integrantes. Isso procede? Qual o motivo dessas férias tão prolongadas?

A. - Tanto o Agridoce quanto os projetos paralelos de Joe e de Martin já existiam antes desse recesso. Essas férias são necessárias para se renovar artisticamente, para se inspirar e poder fazer discos sinceros. Isso não tem tempo programado. Lidar com arte foge da alçada do tempo burocrático da vida normal, e por aqui procuramos respeitar isso.

iBahia - Se não estou errada, o público da Pitty era essencialmente composto por adolescentes, já o Agridoce vem atraindo fãs mais jovens-adultos. Como tem sido o retorno desses públicos?

A. - Isso foi coisa que a gente observou com o passar do tempo, que o Agridoce trouxe para perto uma galera mais velha, mais da nossa idade, que compartilha de referências da nossa geração. Mesmo como Pitty, no último disco já havia rolado essa aproximação e esse estigma de que é coisa de adolescente ficou marcado por causa do primeiro disco ('Admirável Chip Novo' / 2003). Mas de lá pra cá já aconteceu muita coisa e na prática nem é tão assim, caricato.

iBahia - Pretendem lançar algo novo do Agridoce no futuro?

A. - Não sabíamos nem que íamos lançar o primeiro. Com o Agridoce, mais do que nunca, as coisas vão de acordo com a vontade, a gente vai fazendo as coisas na medida em que elas aparecem.

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